Paracatu, 22 de setembro de 2023

24/08/2019 . Palavra do Bispo

JESUS DE NAZARÉ, O DIÁCONO PERFEITO

Que tipo de diácono encontra-se em Jesus de Nazaré? Um diácono obediente a Deus, misericordioso e transbordante de amor pelos pobres. Aí estão três qualidades básicas para a renovação humana, espiritual e eclesial dos diáconos. A fidelidade à Palavra, o ser misericordioso e o fazer-se Eucaristia significa para o Diácono Jesus de Nazaré apresentar o ser e o agir de Deus no mundo. Em Jesus, Deus concede aos pobres o primado da misericórdia. Esta preferência divina tem consequências na vida de fé de todos os cristãos, especialmente dos diáconos, chamados a ter os mesmos sentimentos de Jesus (Fl 2,5). Inspirada na prática de Jesus e no testemunho paulino, a Igreja fez uma opção preferencial pelos pobres – entendida como uma forma de primazia da caridade cristã pelos que mais sofrem. Para os diáconos, sobretudo, a caridade tem preferência sobre as demais atividades do ministério.

Nossos diáconos são instruídos para encontrar na alegria do evangelho a verdadeira riqueza que a Igreja é chamada a viver e testemunhar. A sensibilidade humana de Jesus, suas atitudes e palavras são para os ministros ordenados uma chamada à necessária conversão pastoral aos pobres. A conduta do Diácono Jesus é modelo de inspiração evangélica e de compromisso pastoral para os nossos diáconos, cujo ministério é vivido em meio às situações humilhantes e desumanas dos pobres. É necessário confiar em Deus e trabalhar para que, em tempos de autonomia absoluta dos mercados, da especulação financeira e em tempos de discursos ideológicos enganosos, não confiemos na fúria cega do dinheiro e na mão invisível do mercado (cf. EG 202, 204). A globalização não resolve o problema da fome no mundo, mas a aprofunda e amplia; a globalização é econômico-financeira, envolve bens e serviços especializados, coisas que os pobres não têm.

O mundo não precisa globalizar o egoísmo: precisa – isso sim – globalizar a comunhão, a partilha e a justiça para obter a paz. Na verdade, o mundo precisa de conversão ao amor; afinal, quem ama cumpre a Lei. Como diáconos, os senhores não podem renunciar a ética evangélica da solidariedade que humaniza a vida, nem tampouco descurar do indeclinável dever da caridade. É imperativa e urgente a necessidade de escolher o serviço preferencial dos pobres. Tal escolha coloca os diáconos no justo contexto eclesial e ministerial, para tornar visível a ligação entre a mesa do Corpo de Cristo e a mesa dos pobres, ou seja, da Eucaristia à caridade. Sem a espiritualidade da mesa eucarística, a caridade pode ser confundida com a filantropia.

Aos diáconos não interessa um humanismo sem Deus e uma caridade sem fé. O ministério dos diáconos é também profecia que atua na defesa dos mais pobres e indefesos da sociedade. Coragem! O ambiente natural dos diáconos é junto aos pobres. O diácono é chamado a testemunhar o espírito das bem-aventuranças e a revelar com a sua presença o Cristo servidor e construtor de um mundo novo a ser construído com base na justiça e no amor. Quando o diácono assume um objetivo pastoral bem definido e um estilo missionário, ele se torna um apóstolo e um servidor: homem a serviço, disponível e humilde. O diácono deve ter uma “santa ambição”: tornar-se um servidor santo! De acordo com o Papa Francisco, quem serve não é escravo da agenda, mas dócil de coração e disponível ao não programado. O servidor é aberto às surpresas cotidianas de Deus, portanto é aquele que está à disposição dos irmãos, aberto ao imprevisto e pronto para exceder o horário.

Com a marca da caridade paciente e generosa, os diáconos são construtores de pontes e presença servidora do Pai misericordioso nas paróquias, nas periferias, nos meios sociais, familiares e profissionais. Caros diáconos: sejam servidores alegres e disponíveis da Palavra, da Liturgia e da Caridade; cuidem para não reduzir o sagrado ministério à liturgia; não sejam diáconos apenas de altar, mas também de missão. Atuem preferentemente nas áreas da Pastoral da Saúde, Pastoral Carcerária e Pastoral Sócio-Caritativa. Identifiquem-se cada vez mais com Cristo Servo: configurem-se com Cristo e deixem-se formar interiormente pelo Espírito Santo. Sugiro-lhes algumas pastorais inspiradas na Parábola do Bom Samaritano: migrantes, encarcerados, viúvas, enfermos, menores abandonados, mulheres exploradas, pessoas sem família, sem lar e sem pão, dependentes, vítimas das violências, vítimas do tráfico humano, gestantes menores e pobres, infância e juventude em situação de risco etc. A missão dos diáconos não pode ser diferente da missão de Jesus. A fecundidade do apostolado diaconal nasce de uma vida espiritual enraizada em Deus.

Orem sem cessar, a sós e com suas famílias! A diaconia de Jesus o absorveu totalmente, na vida e na morte. Seu serviço a Deus e à humanidade encontrou forças na oração. Enfim, uma palavra de gratidão aos diáconos e suas esposas pela generosidade do serviço que prestam à causa do Reino de Deus em nossa diocese. De graça recebemos, de graça devemos dar: o diácono é o homem da gratuidade, do dom de si permanente a Cristo, à sua família, à Igreja e aos pobres. Deus os mantenha fiéis a esse santo ministério. Tudo é dom, tudo é graça! De Deus recebemos a vida através dos nossos pais: sempre dependemos de Deus e dos outros. De acordo com LBoff, in: O Senhor é meu Pastor, se tudo dependesse só de nós, não nasceríamos atados com o cordão umbilical de nossas mães. E depois que nascemos ainda dependemos do oxigênio, dos cuidados maternos e paternos, do alimento, da água etc.

Como agradecer a Deus pelo dom da vida? Assim: dom se paga com dom, graça se paga com graça. Por isso, agradecidos, nos doamos também ao outro. Para nós, essa mútua doação significa amizade, amor, e seu efeito maior é a felicidade. O diácono é ordenado para ser um homem doado, gratuito e feliz. Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo, o Diácono Perfeito!

Paracatu – MG, 24 de agosto de 2019
Festa de São Bartolomeu Ap
+ Jorge Alves Bezerra, SSS
Bispo de Paracatu – MG

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